A Organização Mundial da Saúde (OMS), sob o código M79.7 do CID-10, define fibromialgia (FM) como uma condição de dor generalizada, associada à fadiga extrema, alterações no sono e distúrbios cognitivos (BOERMA et al., 2016; GARCÍA, NICOLÁS E HERNÁNDEZ, 2016). Caracterizada como uma síndrome altamente prevalente e incapacitante, afeta principalmente mulheres com faixa etária entre 20 e 55 anos (HEIDARI, AFSHARI E MOOSAZADEH, 2017, MARTINEZ et al., 2017; MATTOS E LUZ, 2012; ÁLVARES E LIMA, 2010; GONÇALVES et al., 2010; CAVALCANTE et al., 2006; SANTOS et al., 2006; STAUD, 2004; YUNUS, 1994).
De acordo com Lorente, Stefani e Martins (2014) a prevalência da FM varia entre 0,2 e 6,6% na população geral, sendo as mulheres mais acometidas que os homens, em uma proporção de 9:1. A prevalência de desordens psíquicas, especialmente depressão, entre os pacientes com FM varia entre 49 e 80%.
Galvani e colaboradores (2019) e Tirelli e colaboradores (2019) relatam que a patogênese da FM é complexa e ainda desconhecida, porém estudos recentes identificaram possíveis fatores envolvidos na sua fisiopatologia, como: alteração no gene neurotransmissor modulador da sensibilidade à dor; fatores ambientais, por exemplo, infecções; e traumas físicos e psicológicos, que coletivamente, promovem uma alteração geral nos sistemas reguladores de estresse e dor, refletindo negativamente no humor, memória, sono e desempenho cognitivo.
A FM não tem cura e seu tratamento visa reduzir a sintomatologia e melhorar a qualidade de vida do paciente através de tratamento farmacológico e terapias alternativas, entretanto, pesquisas apontam relevância clínica questionável sobre o uso de medicamentos e ressaltam os exercícios terapêuticos como uma abordagem de tratamento mais segura e com menos efeitos colaterais (AMBROSE E GOLIGHTLY, 2015; GARCÍA, NICOLÁS E HERNÁNDEZ, 2016).
O tratamento da FM deve ser multidisciplinar, individualizado, contar com a participação ativa do paciente e basear-se na combinação das modalidades não farmacológicas e farmacológicas, devendo ser elaborado de acordo com a intensidade e características dos sintomas.
Diversas alternativas para o tratamento da FM estão sendo utilizadas, e, dentre elas, pode-se destacar o uso de medicamentos. As classes de medicamentos mais comumente utilizadas para o manejo dessa condição são: os antidepressivos tricíclicos, os inibidores da recaptação de serotonina, os benzodiazepínicos, os anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais, os analgésicos, os neuromoduladores, os miorrelaxantes e os anticonvulsivantes.
O tratamento não farmacológico tem papel crucial no controle dos sintomas da FM. Para o tratamento da FM existe um arsenal de modalidades terapêuticas não farmacológicas. Esses tratamentos apresentam boa relação custo benefício se comparados aos tratamentos farmacológicos, são considerados seguros e capazes de proporcionar benefícios aos pacientes, tanto no que se refere à prevenção, como na promoção e até mesmo na recuperação da saúde. Dentre os tratamentos não farmacológicos pode-se citar: massagem terapêutica, acupuntura, eletroacupuntura, hidroterapia, eletroestimulação transcutânea (TENS), yoga, exercício físico, programas de educação em saúde, hidrocinesioterapia, terapia, eletroterapia, entre outros. A fisioterapia dispõe de uma gama de recursos terapêuticos que proporcionam analgesia, sendo o ultrassom e o laser os mais utilizados no alívio da dor, pois amenizaria o impacto desses sintomas sobre a qualidade de vida desses pacientes com fibromialgia. A estimulação tecidual usando a luz, outrora denominada fotobioestimulação tem evidenciando que a ação da luz laser em baixa potência apresenta ação reguladora sobre a resposta inflamatória, reduzindo a sintomatologia dolorosa e estimulando o reparo tecidual.
Vale ressaltar que o tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, englobando médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, entre outros. O uso do Recupero combina os efeitos mecânicos do ultrassom com os efeitos de fotobiomodulação produzindo um efeito sinérgico de considerável amplitude aliviando a dor, acelerando a reabilitação física e agilizando seu retorno as atividades físicas.
A dissertação de mestrado desenvolvida pela fisioterapeuta Juliana da Silva Amaral Bruno destaca que a irradiação mecânica e a fotobiomodulação quando atuadas sinergicamente nas palmas das mãos reduz a dor, favorece a circulação sanguínea e aumenta a produção de ATP, melhorando a disposição dos pacientes. Sendo assim, a aplicação simultânea do ultrassom e laser nas palmas das mãos atua nas fibras sensitivas com estímulos vibratórios e eletromagnéticos resultando em diferentes pressões, e gerando o efeito de micromassagem alterando os estímulos nas fibras aferentes nociceptivas (Sistema Nervoso Parassimpático) e provável redução de resposta dolorosa advindo do sistema nervoso central.
A diversidade de vários protocolos, assim como a variabilidade na aplicação destas, e com a finalidade de padronizar e sugerir um protocolo de referência e eficiência para a FM, Junior e colaboradores (2020) realizaram um estudo comparando vários parâmetros, local de aplicação e a influência no número de sessões de aplicações com tratamento sinérgico de ultrassom e laser. Os autores concluíram que a frequencia de 3 vezes por semana seja mais eficiente que as demais, porém ressalta a necessidade de análise do período total de tratamento. Essa conclusão corrobora com os dados já defendidos pela fisioterapeuta Juliana em seu trabalho de mestrado onde a frequência de tratamento com a periodicidade de 3 vezes por semana em dias alternados apresenta otimização dos resultados na redução da dor, e consequentemente, na melhora da qualidade de vida. Porém, outras frequências atuam na amenização dos sintomas mesmo em proporções menores, mas pode-se planejar de acordo a necessidade do paciente.
Sendo assim, a aplicação simultânea do ultrassom e do laser do equipamento Recupero se mostrou um aliado satisfatório no tratamento da fibromialgia apresentando redução dos sintomas da doença, melhora na qualidade de vida e, ao mesmo tempo, reduzindo o sedentarismo e a imobilidade. Com isso, espera-se que essa nova tecnologia seja um aliado no dia a dia da prática clínica do fisioterapeuta.
Infelizmente, não existem formas conhecidas para se prevenir da fibromialgia. A MMO disponibiliza de um protocolo de tratamento com o equipamento Recupero que alia praticidade e resultados eficientes que aumenta as chances de alívio da dor e melhora na qualidade de vida.
Caderno de Protocolos: https://mmo.com.br/protocolos/!#4-130-recupero
Vídeos com os protocolos: https://www.youtube.com/watch?v=2jJDjXKLUyU&list=PLjoPllhTOZUC6k5ZwpY446J8K3lXhoxWF
ALBRECHT, P.J., HINES, S., EISENBERG, E., et al. Pathologic alterations of cutaneous innervation and vasculature in affected limbs from patients with complex regional pain syndrome. Pain 2006;120(3):244– 66.
ÁLVARES, T. T., LIMA, M. E. A. Fibromialgia: interfaces com as LER/DORT e considerações sobre sua etiologia ocupacional. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, n. 3, p. 803-812, 2010.
AMBROSE, K. R., GOLIGHTLY, Y. M. Physical exercise as non-pharmacological treatment of chronic pain: why and when. Best practice & Research Clinical Rheumatology, v. 29, n. 1, p. 120-130, 2015.
BOERMA, T. et al. Revising the ICD: explaining the WHO approach. The Lancet, v. 388, n. 10.059, p. 2.476-2.477, 2016.
GALVANI, C. et al. Postural counseling represents a novel option in pain management of fibromyalgia patients. Journal of Pain Research, v. 12, p. 327-337, 2019.
GARCÍA, D. Á., NICOLÁS, I., HERNÁNDEZ. Clinical approach to fibromyalgia: synthesis of evidence-based recommendations, a systematic review. Reumatología Clínica (English Edition), v. 12, n. 2, p. 65-71, 2016.
HEIDARI, F.; AFSHARI, M.; MOOSAZADEH, M. Prevalence of fibromyalgia in general population and patients, a systematic review and meta-analysis. Rheumatology International, v. 37, n. 9, p. 1.527-1.539, 2017.
JUNIOR, A.E.A., CARBINATTO, F.M., FRANCO, D.M., BRUNO, J.S.A., SIMÃO, M.L.S., et al. (2020) The Laser and Ultrasound: The Ultra Laser like Efficient Treatment to Fibromyalgia by Palms of Hands – Comparative Study. J Nov Physiother 11: 447
LORENTE, G. D., STEFANI, L. F. B. De and MARTINS, M. R. I. Cinesiofobia, adesão ao tratamento, dor e qualidade de vida em indivíduos com síndrome fibromiálgica. Rev. dor [online]. 2014, vol.15, n.2, pp.121-125. ISSN 1806-0013.
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Dra. Karen Laurenti IFSC/USP
Consultora em Fisioterapia da MM Optics