Os lasers de diodo de alta potência (lasers cirúrgicos) promovem uma Vaporização Explosiva, interagem com a matéria e tecido biológico, através do mecanismo fototérmico, onde a luz, assim que absorvida pelo tecido-alvo, transforma-se em calor.

O tecido duro dental é poroso, isso significa que esse fenômeno até pode ocorrer, mas dentro dos poros particularmente nos contornos dos prismas. A pressão aumenta nos poros, devido à liberação de gases na sub-superfície, e pode exceder o estresse de fratura do material, podendo remover explosivamente partes do material.

Então, quando irradiamos tecido duro dental, é possível promover um “derretimento” controlado desse tecido, mudando sua estrutura molecular, tornando-a mais densa, compactada e resistente, quimicamente.

VILLALBA-MORENO et al (2007) combinaram a aplicação do verniz de flúor (Duraphat, Colgate-Palmolive Co, NY) e posterior irradiação com laser de diodo (809nm, 16Hz, 400mm, por 30 segundos). Seus resultados demonstraram que com potência de 5W ou 7W houve a incorporação aumentada de íons de flúor pelo esmalte, sem gerar trincas ou dano térmico ao tecido pulpar.

VITALE et al (2011) compararam, in vitro, a captação de íons de flúor (gel – Elmex gel, 12500 ppm F, Gaba Int. AG, Basel, Suiça) – na formação de flúorapatita, em esmalte sem tratamento (controle); apenas com aplicação do gel de flúor; flúor seguido de irradiação com laser de diodo de alta potência (809nm, 2W, 400mm, por 20 segundos); e, esmalte irradiado seguido da aplicação do gel de flúor. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos lasers, ou seja, tanto faz irradiar antes ou após a aplicação do gel de flúor, entretanto, os grupos lasers foram altamente diferentes, estatisticamente, sendo muito melhores para a captação de íons de flúor do que os grupos controle e somente com aplicação do gel de flúor.

Também GONZALEZ-RODRIGUEZ et al (2011) realizaram o mesmo estudo, mas comparadndo os lasers de CO2 (10.600nm) e de diodo cirúrgico (809nm), no modo pulsado 16Hz, por 15 segundos, variando a potência por pulso de 1, 2, 5 e 7W. O melhor resultado foi conseguido com a aplicação do gel de flúor (Elmex gel, 12500 ppm F, Gaba Int. AG, Basel, Suiça) seguido da irradiação com o laser de diodo cirúrgico sob 5W de potência, permitindo a formação de aglomerados de CaF2, sem gerar esfoliação (perda) de porções de esmalte irradiado (devido diminuição da resistência mecânica pelo aquecimento) ou trincas, como encontrado quando 7W de potência foi a escolha.

Diante desse resultado de interação óptica dessa faixa espectral (808-980nm), nos parece muito útil, clinicamente, o emprego de um laser operando em alta potência (laser cirúrgico) para tratar as “manchas brancas” e prevenir lesões cariosas, bem como para finalizar procedimentos periodontais e estéticos, tais como clareamento dental.

 

Nosso Protocolo com TW Surgical – MMO

Diante da comprovação científica dessa indicação do laser de diodo cirúrgico como instrumento útil para prevenção de lesões cariosas em esmalte, sugerimos o seguinte protocolo empregando o laser de diodo cirúrgico de alta potência TW Surgical (MMOptics, São Carlos, SP, Brasil):

  • Profilaxia,
  • Isolamento relativo;
  • Leitura óptica com Evince (MMO) para diagnóstico óptico em tempo real da estrutura superficial do esmalte;
  • Aplicação de gel ou verniz de flúor;
  • Irradiação com laser de diodo 808nm: 5W, 20Hz, 10% (0,5W de potência por pulso), largura de pulso de 5ms, por 10seg., fibra não-ativada.
  • Opcional: irradiar antes e aplicar o flúor depois.
Realizar, no máximo, 2 sessões, com 15 dias entre elas, totalizando 2 aplicações. E reavaliar a cada 6 meses.
 

Apresentação de Caso Clínico

Paciente B. G. S., 15 anos, solteira, estudante, procurou o atendimento para tratamentos de lesões brancas no esmalte. Foi feito o exame clínico (Fig. 1a) e leitura óptica com sistema de LED violeta (405+-10nm) para imagem de fluorescência em tempo real (Evince, MMO) (Fig. 1b), constatando a presença de lesões brancas que poderiam ser remineralizadas e outras que, provavelmente, atingiriam a cavitação ao serem irradiadas.

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  a                                                               b

Figura 1 – Aspecto clínico inicial: Exame clínico (a) e biópsia óptica (b) com Evince (MMO)

Foi realizada uma sessão de Profilaxia e aplicação de verniz de flúor (fluoreto de sódio 5%), uma sessão de restauração da lesão branca, com cavitação, na face vestibular do elemento 24, e uma sessão de verniz de fluor (fluoreto de sódio 5%) com irradiação com laser de diodo cirúrgico (TW Surgical, MMO) nos parâmetros do protocolo acima sugerido (Fig. 2) e o resultado apresentou uma significativa melhora clínica, como pode ser constatada na figura 3.

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Figura 2 – Irradiação da superfície de esmalte com laser de diodo cirúrgico (TW Surgical, MMO), com a presença do verniz de fluoreto de sódio a 5%.

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a                                                       b

Figura 3 – Aspecto clínico final: Exame clínico (a) e biópsia óptica (b) com Evince (MMO).

 

Conclusão

Sugerimos o emprego do laser de diodo cirúrgico sob o protocolo, aqui apresentado, para tratamento de lesões brancas em esmalte de dentes permanentes.

 

Referências bibliográficas

1 – VILLALBA-MORENO, J. et al. Increased fluoride uptake in human dental specimens treated with diode laser. Lasers Med Sci, v. 22, p. 137-142, 2007.

2 – VITALE, M. C. et al. Diode laser irradiation and fluoride uptake in human teeth. European Arch Paediatric Dentistry, v. 12, n. 2, 2011.

3 – GONZALEZ-RODRIGUES, A. et al. Comparison of effects of diode laser and CO2 laser on human teeth and their usefulness in topical fluoridation. Laser Med Sci, n. 26, p. 317-324, 2011.

 

lizarelli

Profa. Dra. Rosane de Fátima Zanirato Lizarelli
PhD e Pesquisadora em Biofotônica – IFSC/USP