Em todo o mundo, o uso da toxina botulínica tem se tornado cada vez mais frequente entre pacientes de ambos os sexos e de idades variadas. A toxina tem sido utilizada para fins terapêuticos em casos de bruxismo, estrabismo, blefaroespasmo, espasmo hemifacial, rigidez muscular, hiperidrose, bexiga hiperativa e dor de cabeça crônica.  Mas atualmente o maior uso é o estético como forma de driblar a passagem do tempo. Neste conceito, é indicada para a prevenção do aparecimento de rugas estáticas e no tratamento de rugas dinâmicas, amenizando e retardando alguns aspectos do envelhecimento facial.

Isto ocorre porque a toxina botulínica atua na junção neuromuscular produzindo uma desnervação química reversível, que leva à uma degeneração axonal distal, porém, transitória sobre o funcionamento da placa motora. O efeito produzido é o relaxamento muscular temporário, causando o desaparecimento das rugas finas e atenuação das mais profundas. Porém, a recuperação da função muscular acontece depois de algumas semanas ou mesmo meses, devido à rápida formação de novas junções neuromusculares.

Entretanto, algumas aplicações podem resultar em reações adversas e intercorrências como: edema local, olho e boca secos, cefaléia, sensação de peso local, elevação excessiva da cauda do supercílio, assimetrias, paralisação indesejada de alguns músculos e a mais temida das intercorrências, a ptose palpebral.

Atualmente a tecnologia fornece alguns recursos que permitem a reversão destas intercorrências em poucas sessões. Dentre eles, os Lasers vermelho e infravermelho, que promovem o rebrotamento nervoso (crescimento de brotamentos axonais laterais) e o reestabelecimento das proteínas de fusão, ocorrendo assim, a recuperação da junção neuromuscular com a restauração do tônus muscular, como podemos observar na figura 1.

 

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Figura 1: (A) Fase de rebrotamento. (B) Fase do reestabelecimento. Fonte: www.fisioon.com.br

 

Além disso, a fotobiomodulação também é capaz de promover um aumento na vascularização, na produção de ATP e dos potenciais de ação das células musculares, que colaboram diretamente com o processo de reversão da intercorrência.

Na figura 2, apresentamos um caso de assimetria do lábio causada por intercorrência de aplicação de toxina botulínica no músculo orbicular da boca, na tentativa de correção das rugas conhecidas como “códigos de barras”. Após 3 sessões de aplicação dos Lasers vermelho (660nm) e infravermelho (808nm), irradiados separadamente, observamos a recuperação total da simetria.

 

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Figura 2: Caso de intercorrência com toxina botulínica causando assimetria dos lábios e total reversão após 3 sessões de aplicação dos Lasers vermelho (660nm) e infravermelho (808nm) a cada 48h.

 

Desta forma, para correção das intercorrências com toxina botulínica deve-se aplicar o Laser sobre o músculo afetado pela toxina, estimulando o rebrotamento e o reestabelecimento da junção neuromuscular. Entretanto, devemos destacar ainda que, a ação do Laser mesmo que local, pode atuar nos músculos adjacentes à área irradiada causando diminuição do tempo de efeito da toxina botulínica.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Drª Ana Carolina Urbaczek

Colaboradora da Pós-Graduação em Biofotônica Estética do Instituto de Pesquisa e Ensino em Biofotônica – IPEB. Colaboradora do IFSC-USP. Mestre e Doutora pela Universidade Estadual Paulista – UNESP e Pós-doutora pela Universidade de São Paulo – USP. Especialista em Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura Estética. Experiência em pesquisa e desenvolvimento nas áreas biomédicas. Atuação clínica em estética avançada e terapias alternativas.