Veículo: Site: Jornal Nacional – Seção: Notícias – 01/09/2011


 A terapia fotodinâmica foi criada por pesquisadores da USP de São Carlos, não tem efeitos colaterais, pode ser repetida várias vezes, não requer internação e está sendo considerada uma opção antes da cirurgia.

Centros médicos de todo o Brasil começam a usar uma nova terapia contra o câncer de pele. O tratamento é gratuito e a tecnologia foi desenvolvida pela USP de São Carlos.

A pomada é passada sobre a pele, que é exposta a radiação ultravioleta. As lesões provocadas pelo câncer são facilmente identificadas pelo equipamento. Se o diagnóstico é positivo, o tumor é tratado, na sequência, com outra luz. A interação do medicamento com a luz vermelha de alta potência provoca uma reação fotoquímica. As células cancerígenas morrem. Na hora, já é possível identificar o resultado da terapia. O procedimento não dura mais que quatro horas.

“Pela primeira vez, nós conseguimos colocar, em um único sistema, um aparelho que permite ao médico auxílio no diagnóstico e também no acompanhamento do tratamento em tempo real. Enquanto ele faz, ele está vendo o que ele está acontecendo e o tratamento”, explica Vanderlei Bagnato, pesquisador da USP.

A terapia fotodinâmica desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos não tem efeitos colaterais. Pode ser repetida várias vezes, não requer internação e está sendo considerada uma opção de tratamento antes da cirurgia. É indicada para os carcinomas, o câncer de pele mais comum. No ano passado, atingiu 120 mil brasileiros.

Dona Flora foi uma das primeiras a testar a tecnologia. Ela tem câncer de pele há 10 anos. Fez várias cirurgias, enxertos e radioterapia. “Muito mais dolorida a radioterapia. O laser é uma coisa mais suportável e o resultado aparece mais rápido”, conta.

Mais de cem centros médicos espalhados pelo Brasil inteiro foram selecionados pelo programa para testar a tecnologia no período de um ano. O equipamento já está sendo usado em 200 hospitais e postos de saúde. E 200 pacientes já foram submetidos ao tratamento – em 90% dos casos o tumor foi eliminado.

“O câncer de pele inicial é muito bem tratado com esse protótipo. Esses índices de cura são expressivos”, avalia a dermatologista Ana Gabriela Salvio.

Seu Eliseu fez a primeira sessão de terapia. Depois de 20 anos com câncer, está animado com a possibilidade de cura. “Essa é a minha esperança”, diz ele.

Os kits enviados aos centros médicos serão usados em 8 mil pacientes. Se o índice de cura de 90% for mantido, o programa poderá ser adotado pelo SUS.